A escola e o tempo de mudanças. Quais são os desafios???
A cada nova geração, renova-se a sensação
de que nas passadas se lia mais e se fazia menos
sexo.
Duplo engano.
A rapaziada, em todos os tempos,
Foi com igual ímpeto ao pote.A razão
POR QUE a leitura parece estar em baixa
É que estamos em plena era da Internet. Só parece.
Pois o que se vê é a multiplicação dos jovens
que gostam de LER,
reconhecendo que um bom texto
AINDA É, para a vida pessoal e profissional, um instrumento DECISIVO.
(capa da
revista Veja edição 2217 – ano 44 – nº 20. 18 maios 2011.)
“Com que
alegria, vê a manchete da matéria: Uma geração descobre o prazer de ler”.
Parece que estamos começando a perceber um caminho para reaproximar os jovens
da leitura. Agora, é acreditar que isso e possível acontecer também numa escola
democrática, inclusiva deste que se permita dar voz ao seu personagem principal:
o aluno.
Com o
advento dos novos meios de comunicação, e principalmente da Internet, muitos
deram como certa a morte dos livros e do hábito de ler. O avanço da televisão,
depois dos videogames, seguidos do videocassete, DVDs, internet iriam tornar a
leitura fora de moda. A virada do século XX para esse século, esta previsão
parecia irreversível: o sistema de ensino marcado pelo fracasso na missão de
formar leitores. O alto preço dos livros
e a falta de bibliotecas colaboravam para o sucesso dessa fatídica previsão. Na
mão dupla dessas expectativas vem surgindo uma nova geração de leitores,
fomentada – talvez por um viés do criticado sistema neoliberal: o consumismo –
sucessos globais como Harry Potter, Crepúsculo e Percy Jackson (matéria da veja
citada, p100) tiveram estrondos sucesso de vendas. O mesmo aconteceu com outras
faixas etárias. Já está posto, na LDBEM, nos PCNs, no currículo do estado de
São Paulo, que o eixo estruturante para a aprendizagem em todas as áreas do
referencial curricular é a leitura (tanto a literária como a de outros gêneros
discursivos) e a escrita. O desafio é concretizar. Novos rumos novas
metodologias. Aí está o nó. Ainda prevalece para muitos profissionais que a
memorização, o aluno um mero receptor e a decodificação na leitura garantem a
construção dos saberes e promovem o desenvolvimento de competências. Não
podemos perder a esperança. Se formos bons modelos de sucessos, ainda poderemos
atrair seguidores para essa empreitada.
É
inquestionável tornar a leitura um hábito, quando mais cedo ela cair nas mãos
dos futuros leitores. Uma boa situação que favorece a formação desse hábito é o
professor ser um modelo de leitor. Dentre as modalidades organizativas para desenvolver
conteúdos, proposta pela argentina Delia Lerner a atividade permanente de
leitura é um bom começo para que nas próximas décadas esse universo de leitores
e escritores proficientes aumente. Já se observa, pelo menos no ciclo I, um
investimento grande para que isso se concretize: nos encontros de formação
continuada junto aos professores, no acervo enviado às escolas. Há professores
se descobrindo nesse movimento. Além
dessa atividade permanente, cujo objetivo é formação de hábitos de leitura, há
também projetos didáticos, sequencia didática que contemplam esses objetivos.
Cabe lembrar, que essas modalidades são pertinentes a qualquer segmento da
escolaridade e a qualquer área do conhecimento humano. É interessante destacar que um estudo
divulgado no mês de abril/2011 pela Universidade Oxford, conduzida pelo
sociólogo americano Mark Taylor, revelou que a leitura, de forma consistente é único
fator que esteve associado à ascensão profissional. O progresso e a conquista
da cidadania podem estar associados ao desenvolvimento do vocabulário e ao
domínio de conceitos abstratos são propiciados pelo hábito da leitura.
“Não há melhor maneira de abrir o
apetite de um leitor,
do que lhe dar a farejar um orgia de leitura” (Daniel Pennac)
Creio que
um bom começo é ir por partes: se temos clareza do que queremos, quem são
nossos alunos, os tratamentos dos conteúdos no currículo do estado e
acreditamos que as mudanças que ocorreram e ocorrem de modo muito rápido na
sociedade contemporânea, faz com que já não se necessite mais de que a
aprendizagem ocorra de modo conteudista, tradicional. Se necessitamos atender
as novas demandas, novo modelo no processo ensino e aprendizagem também já
estão posto. Mais complexa que a atividade de desenvolver as competências
leitoras e ao mesmo tempo realizá-la num contexto onde o aluno não é mais um
mero receptor, mas alguém pensante, com suas características específicas (somos
a terra onde pisamos e não devemos esquecer isto ao pensar em nossos alunos.) é
tornar muitos professores leitores também e que eles possam aprender a fazer a
transposição didática das novas propostas, novas idéias, novos referenciais. É
importante lembrar que nós, os professores de hoje, somos fruto do ensino
tradicional. Memorizar para usar e depois guardar na memória. O professor que
não buscou (por curiosidade, prazer ou necessidade) acompanhar as mudanças
presentes em um mundo de transformação e de informações e descobertas muito
rápidas, terá dificuldade de exercer a sua profissão.
Frente a todos
esses indicadores e resultados positivos já observados para a formação de
leitores e escritores proficientes, verdadeiros cidadãos vamos às ações. A
construção do conhecimento exige uma articulação entre a leitura (que constitui
o ser humano em seu tempo e espaço histórico0 e a leitura da escola que
sistematiza, organiza e cabe a ela dar sentido ao conhecimento acumulado pela
sociedade em benefício do sujeito histórico da sociedade do conhecimento, diminuindo
as distancias provocadas e ampliadas por fatores econômicos.
Para aprender a ler é preciso interagir
Com a diversidade de textos escritos, testemunhar a utilização
que os já leitores fazem eles e participar de atos de leitura de fato;
É preciso negociar o conhecimento que já se tem e
O que é apresentado pelo texto, o que está atrás
E diante dos olhos, recebendo incentivo e ajuda de leitores
experientes” (PCNs)
Professor,
somos os interlocutores da leitura de mundo que o aluno produz (tanto na
oralidade quanto na escrita, nesse processo de formação de leitores) e o
exercício de práticas sócias de leitura e escrita que nos torna leitor e
escritor. Cabe nos garantir a todos os alunos, o direito de participar de práticas
sociais de leitura e escrita, participarem de eventos de letramento. Tornar
significativa a aprendizagem exige do professor: compromisso, saberes,
estudo, reflexão sobre sua prática, fazer de suas dificuldades objetos de
estudos e a satisfação de dever cumprido quando deparamos com o sucesso de
nossos alunos como cidadão e como profissional.
A leitura e a escrita, portanto devem, merecem ocupar, o centro no
cotidiano escolar, não apenas na aula de língua Portuguesa, mas em todos os
componentes curriculares, pois somos seres sociais e a nossa sobrevivência
depende dessa inter ligação. E assim, o esmo acontece com todos os fatos,
acontecimentos, toda produção humana: nada acontece isolado, tudo se relaciona
como uma rede “web”.
“Não há melhor
maneira de abrir o apetite de um leitor,
do que lhe dar a farejar um orgia de leitura” (Daniel Pennac)
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