O crime do professor de matemática – ( Clarice Lispector) Dotado de elementos religiosos como missa, pecado, juízo final. Seu protagonista, um professor de Matemática (símbolo da frieza, precisão, objetividade) vai até a parte mais alta da cidade enterrar um cachorro. É uma forma de compensar o seu cão de estimação que havia abandonado. O que o animal havia feito de errado? Nada. Apenas tinha feito do pedagogo o homem que seria seu dono. Ser humano era uma tarefa que incomodava, assustava o mestre, principalmente quando o bicho encarava, não cobrando nada, apenas humanidade. No final, o homem desenterra o cão e se esquece do crime que havia cometido (abandonar o cão ou não ter coragem de ser humano?). Desce a montanha (como se estivesse em posição mais elevada, mais consciente de suas falhas e caísse na alienação?) e volta para o “seio de sua família”. Mergulha, provavelmente, na apatia de sua existência. Era domingo, os católicos dirigiam-se à igreja. ...