SUGESTÕES DE ATIVIDADES QUE CONTEMPLAM AS HABILIDADES TRABALHADAS NA ORIENTAÇÃO TÉCNICA DE LÍNGUA PORTUGUESA
GRUPO: ROSE, ELISAMA, MARIA APARECIDA, BENEDITA, NARDIÊ, TEREZINHA

GÊNERO: NARRATIVO


TEXTO: O Coveiro - Millôr Fernandes

Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão - coveiro - era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais.Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que sozinho não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouviu um som humano, embora o cemitério estivesse cheio de pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: O que é que há?
O coveiro então gritou, desesperado: Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível! Mas, coitado! - condoeu-se o bêbado - Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho! E, pegando a pá, encheu-a e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.
Reflexão: Nos momentos graves é preciso verificar muito bem para quem se apela.


HABILIDADES: H34 – GII – Organizar os episódios principais de uma narrativa literária em sequência lógica.

Leia o texto e assinale  a sequencia dos acontecimetos que culminaram com o coveiro sendo coberto de terra

(A) O coveiro cavou demais o buraco, tentou sair, mas não conseguiu, à noite sentou-se no fundo da cova, ficou desesperado, gritou novamente, depois da meia noite, ouviu passos, gritou, pediu socorro, o bêbado se aproximou e o cobriu de terra.

(B)  O coveiro cavou demais a cova, tentou sair, mas não conseguiu, começou a gritar mas foi em vão,à noite sentou-se no fundo da cova, ficou desesperado, depois da meia noite, ouviu passos, pediu socorro, o bêbado acreditando que era um morto, cobriu-o de terra.

(C) O coveiro cavou demais a cova, tentou sair, mas não conseguiu, começou a gritar, muitas horas depois começou a gritar, à tarde, já cansado sentou-se no fundo da cova, ficou desesperado, depois da meia noite, ouviu passos, o bêbado acreditando que era um morto, cobriu-o de terra.

(D) O coveiro cavou demais a cova, tentou sair, mas não conseguiu, começou a gritar mas foi em vão,à noite sentou-se no fundo da cova, ficou desesperado, depois da meia noite, ouviu passos, pediu socorro, o bêbado assustado, acreditando que era um morto, cobriu-o de terra.

AÇÕES:

I-            Após a leitura do texto, os alunos deverão reproduzi-lo na forma de história em quadrinhos.

II-         Recortar os quadros da HQ e distribuí-los aos grupos da sala a fim de que os colegas possam reorganizar os fatos, colocando-os em sequência. Em seguida, os grupos devem apresentar à sala as conclusões que tiraram. Mesmo que recontem os fatos originais sob novo prisma do grupo.

III-       O grupo apresenta à sala o texto original para conferência da ideia inicial.





Balada do amor através das idades

Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana, mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar meu irmão.
Matei, brigamos, morremos.


Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catatumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria do meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal da cruz
e rasgou o peito a punhal…
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira…
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.

Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,


eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos

H32- IDENTIFICAR REFERENCIAS A FATOS HISTÓRICOS EM TEXTOS LITERÁRIOS      (GI)
TEMA 6-COMPREENSÃO DE TEMAS LITERÁRIOS –
Leia o poema e responda à questão:
O poema faz alusão aos fatos históricos:
(A) o amor que existiu nos tempos das guerras entre gregos e troianos e nos tempos da   perseguição dos cristãos.
(B) o amor que existiu nos tempos das guerras entre gregos e troianos, os tempos mais     tranquilos da França e existe no mundo moderno.
(C) o amor que existiu e existe em todos os grandes momentos da história
(D) o amor que não resistiu e não resiste aos grandes acontecimentos da história.
 Ou outra sugestão:
O texto alude aos momentos históricos:
(A)  os tempos da guerra entre gregos e troianos
(B)  a presença do amor em todos os momentos da história
(C)  a morte pela guilhotina nos tempos mais amenos na França.
(D) a presença do amor nos tempos modernos.
O aluno que não conseguiu identificar a alternativa correta é porque, provavelmente não compreendeuo texto ou o que foi solicitado.
Quando deu a rsposta correta, o aluno não só compreendeu o texto como conseguiu identificar os referenciais interdiscursivos entre o amor os diferentes momentos sociais.
Sugestões de atividades:
1.       Analise do poema, buscando a compreensão do mesmo, buscando destacar os diversos momentos históricos e a  presença do amor
2.       Organização de um sarau poético
3.       Roda literária







Grupo II – Encontro de Professores de Língua Portuguesa

- Ana Paula Negrão

- Elaine Paiva Garcia

- Edna de Sousa Marinho Braz

- Juliana Costa de França

- Rosana Reis

- Maria Lúcia da Silva

Crônica escolhida: No aeroporto – Carlos Drummond de Andrade

No Aeroporto

Carlos Drummond de Andrade

Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne de pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.

Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.

Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou importuno. Suas horas de sono - e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia - eram respeitadas como ritos sagrados, a ponto de não ousarmos ergue a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém nós mesmos é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da tevê. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.

Objeto que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheio (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pôr-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis - porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada, sobre a razão íntima de seus atos.

Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade – e, até, que a nossa amizade lhe conferia caráter necessário de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.

Viajou meu amigo Pedro. Ficou refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.


ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. Reprod. Em: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973, p.1107-1108.


Habilidade analisada:

H34 – Organizar os episódios principais de uma narrativa literária em sequência lógica. (GII)

Os acontecimentos que culminam com a viagem de Pedro e o narrador ter a sensação do aeroportoficar vazio foram:

            (A) espera de três horas no aeroporto, lembrar que o amigo passou dois meses me sua casa, o trabalho que deu enquanto visitante, os tropeções que o narrador dava por andar no escuro para não acordar o amigo, o sorriso do amigo mesmo nas horas mais difícieis, sentir-se sozinho.

            (B) espera de três horas no aeroporto, lembrar que o amigo passou dois meses me sua casa, os tropeções que o narrador dava por andar no escuro para não acordar o amigo o trabalho que deu enquanto visitante, o sorriso do amigo mesmo nas horas mais difícieis.

            (C) lembrar que o amigo passou dois meses me sua casa, os tropeções que o narrador dava por andar no escuro para não acordar o amigo o trabalho que deu enquanto visitante, o sorriso do amigo mesmo nas horas mais difícieis, a espera de três horas no aeroporto e a ausência do amigo.

            (D) espera de três horas no aeroporto, lembrar que o amigo passou dois meses me sua casa, a quebra da lâmpada do escritório, o trabalho que deu enquanto visitante, os tropeções que o narrador dava por andar no escuro para não acordar o amigo, o sorriso do amigo mesmo nas horas mais difícieis, sentir-se sozinho.


Encaminhamento:

·         Ler com os alunos o primeiro parágrafo da crônica e distribuir em grupos os demais segmentos aleatoriamente.

·         Direcionar os grupos para que os educandos percebam os elementos coesivos do encadeamento textual, levando-os à reflexão e levantamento de hipóteses sobre o desenrolar da história.

·         Leitura compartilhada. I r e voltar no texto

·         Fragmentar os parágrafos e solicitar aos alunos, organizados em duplas que organizem o texto que foi lido. Depois entregar uma cópia do texto e verificar se organizaram o texto do mesmo modo que a sequencia feita pelo autor.


O Grande Mistério

Stanislaw Ponte Preta
(Sérgio Porto)


Há dias já que buscavam uma explicação para os odores esquisitos que vinham da sala de visitas. Primeiro houve um erro de interpretação: o quase imperceptível cheiro foi tomado como sendo de camarão. No dia em que as pessoas da casa notaram que a sala fedia, havia um soufflé de camarão para o jantar. Daí...

Mas comeu-se o camarão, que inclusive foi elogiado pelas visitas, jogaram as sobras na lata do lixo e — coisa estranha — no dia seguinte a sala cheirava pior.

Talvez alguém não gostasse de camarão e, por cerimônia, embora isso não se use, jogasse a sua porção debaixo da mesa. Ventilada a hipótese, os empregados espiaram e encontraram apenas um pedaço de pão e uma boneca de perna quebrada, que Giselinha esquecera ali. E como ambos os achados eram inodoros, o mistério persistiu.

Os patrões chamaram a arrumadeira às falas. Que era um absurdo, que não podia continuar, que isso, que aquilo. Tachada de desleixada, a arrumadeira caprichou na limpeza. Varreu tudo, espanou, esfregou e... nada. Vinte e quatro horas depois, a coisa continuava. Se modificação houvera, fora para um cheiro mais ativo.

À noite, quando o dono da casa chegou, passou uma espinafração geral e, vitima da leitura dos jornais, que folheara no lotação, chegou até a citar a Constituição na defesa de seus interesses.

— Se eu pago empregadas para lavar, passar, limpar, cozinhar, arrumar e ama-secar, tenho o direito de exigir alguma coisa. Não pretendo que a sala de visitas seja um jasmineiro, mas feder também não. Ou sai o cheiro ou saem os empregados.
Reunida na cozinha, a criadagem confabulava. Os debates eram apaixonados, mas num ponto todos concordavam: ninguém tinha culpa. A sala estava um brinco; dava até gosto ver. Mas ver, somente, porque o cheiro era de morte.

Então alguém propôs encerar. Quem sabe uma passada de cera no assoalho não iria melhorar a situação?

-- Isso mesmo — aprovou a maioria, satisfeita por ter encontrado uma fórmula capaz de combater o mal que ameaçava seu salário.

Pela manhã, ainda ninguém se levantara, e já a copeira e o chofer enceravam sofregamente, a quatro mãos. Quando os patrões desceram para o café, o assoalho brilhava. O cheiro da cera predominava, mas o misterioso odor, que há dias intrigava a todos, persistia, a uma respirada mais forte.

Apenas uma questão de tempo. Com o passar das horas, o cheiro da cera — como era normal — diminuía, enquanto o outro, o misterioso — estranhamente, aumentava. Pouco a pouco reinaria novamente, para desespero geral de empregados e empregadores.

A patroa, enfim, contrariando os seus hábitos, tomou uma atitude: desceu do alto do seu grã-finismo com as armas de que dispunha, e com tal espírito de sacrifício que resolveu gastar os seus perfumes. Quando ela anunciou que derramaria perfume francês no tapete, a arrumadeira comentou com a copeira:

— Madame apelou para a ignorância.

E salpicada que foi, a sala recendeu. A sorte estava lançada. Madame esbanjou suas essências com uma altivez digna de uma rainha a caminho do cadafalso. Seria o prestigio e a experiência de Carven, Patou, Fath, Schiaparelli, Balenciaga, Piguet e outros menores, contra a ignóbil catinga.

Na hora do jantar a alegria era geral. Nas restavam dúvidas de que o cheiro enjoativo daquele coquetel de perfumes era impróprio para uma sala de visitas, mas ninguém poderia deixar de concordar que aquele era preferível ao outro, finalmente vencido.

Mas eis que o patrão, a horas mortas, acordou com sede. Levantou-se cauteloso, para não acordar ninguém, e desceu as escadas, rumo à geladeira. Ia ainda a meio caminho quando sentiu que o exército de perfumistas franceses fora derrotado. O barulho que fez daria para acordar um quarteirão,quanto mais os da casa, os pobres moradores daquela casa, despertados violentamente , e que não precisavam perguntar nada para perceberem o que se passava. Bastou respirar.

Hoje pela manhã, finalmente, após buscas desesperadas, uma das empregadas localizou o cheiro. Estava dentro de uma jarra, uma bela jarra, orgulho da família, pois tratava-se de peça raríssima, da dinastia Ming.

Apertada pelo interrogatório paterno Giselinha confessou-se culpada e, na inocência dos seus 3 anos, prometeu não fazer mais.

Não fazer mais na jarra, é lógico.


Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Marcos Rangel Porto – 1923/1968) nos brinda com mais uma de suas histórias cheias de suspense e muito humor. Esta, retirada do livro "Rosamundo e os outros", publicado em 1963 (1a. edição) pela Editora Sabiá Ltda., dá uma excelente idéia do poder de criação do autor dos também consagrados "Tia Zulmira e eu"," Primo Altamirando e elas", "Garoto Linha Dura" e os diversos e impagáveis números do "Festival de Besteira que Assola o País".

Conheça e vida e a obra de
Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) visitando "
Biografias".


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